Um dos vídeos mais sensacionais da internet está fazendo 13 anos.
Na época do orkut eu sabia o nome e o perfil do nosso caríssimo protagonista desse maravilhoso monólogo exterior. Se você caiu aqui e nunca viu, vamos tentar situar aos tempos atuais o contexto do vídeo: basicamente ele pinou essa cena como uma apresentação à menina que visita o perfil que, inadvertidamente, é sugada para uma mesa onde vai ter que ouvir Frank Sinatra, ter seu pedido feito sem poder ver o cardápio e a conta sendo pedida sem ver a comida chegar.
Se esteticamente o vídeo não impressiona e o protagonista parece ter encontrado dois pratos com uma velocidade assustadora em relação ao tamanho do cardápio, chama a atenção que todo o orçamento foi para o vinho: Como ele parecer ser habitué da casa, só pediu “aquele vinho da Borgonha de 1970” sendo que em 2015, um vinho Richebourg Grand Cru de 1985 foi cotado em até € 23.941. Tá certo que o euro subiu vertiginosamente mas acuso que há 13 anos ainda seria difícil pagar isso. Incomoda o fato que ele bebe sozinho.
Voltando para o menu, poderia ser uma crítica ao excesso de informação que já tínhamos à época? Listas intermináveis de produtos assim como a lista de pessoas no orkut, sendo clicadas a esmo, clicando a esmo, vasculhando álbuns de 12 fotos e pulando para o próximo, sem se apegar e ao mesmo tempo escolhendo sem se envolver. Comida e bebida sendo escolhidas de forma contraditória, mas apressadamente, alguém chama o Bauman (que já tava ficando famoso na época, coincidência?) pra nos ajudar nessa coisinha aqui.
Em algum momento ele também não quer saber do corpo da receptora da mensagem (apesar de escultural), algo que eu não sei se isso ia ser bem ou mal recebido atualmente. Ele quer o amor.
Estaria nosso protagonista visualizando o que seria futuramente o tindr, o grindr, o happn? Seria ele o paciente zero do que seria um coach, sistematizando o que se vê atualmente em profusão no instagram e youtube com gente gritando pela masculinidade ou tentando adquirir a maestria na arte da paquera (e do coque samurai)?
Acho que no fim fica um monólogo subestimado enquanto comédia e análise sociológica e superestimado enquanto diagnóstico psíquico. Pra mim, a dor de “um beijo no teu coração bonito” não ter vingado com uma despedida formal.